Recentemente, no portal e no facebook da revista Pais e Filhos, eles postaram uma reportagem sobre a personalidade de cada filho segundo a sua ordem de nascimento. Segundo a Antroposofia, que estuda a natureza do ser humano e do universo, o filho mais velho vem ao mundo para concretizar as expectativas dos pais, sendo mais organizado, mais centrado e naturalmente, um líder. O do meio veio para contestar esses padrões e o 3º filho veio para unir a família, mesmo com indivíduos tão diferentes entre si.
Bom, não sei quanto à família de vocês, mas aqui em casa encaixou perfeitamente, como se o estudo tivesse sido feito baseado nos meus filhos. O Samuel de 5 anos, é inteligente, organizado (metódico, como o pai), sempre comeu verduras e frutas direitinho, obediente (às vezes apronta alguma, coisa natural de criança) e adora tomar conta dos irmãos, ajudar. Enquanto isso, o Bernardo de 2 anos e meio é, como dizem, “da pá virada”... bagunceiro demais, brigão, tenho que enganá-lo para comer frutas e verduras, agitado, adora dançar e “atuar”, (acredite se puder, ele imita tudo que vê nos desenhos de forma bem dramática) é extremamente criativo. A Luiza de 1 ano é o meu sol, sempre sorrindo, doce e amável. E realmente, como diz o estudo, ela nos une. Às vezes, quando paro para observar, vejo todos da casa brincando no chão com a Luiza, bajulando, dançando, todo mundo cuidando dela, abraçando, beijando... E nessas horas, nem Bernardo e Samuel que normalmente competem por atenção, nem mesmo eles, brigam. Fica um clima delicioso em casa, agradável.
É lógico que um estudo não pode direcionar como será a personalidade dos nossos filhos, afinal, cada indivíduo é único no mundo. Mas serve para direcionar um pouco como agirmos com eles. Com o Samuel não tive grandes problemas, ele desmamou fácil, aprendeu a tomar no copinho de um dia para o outro e largou o bico com um simples “à partir de amanhã, você não vai mais chupar biquinho, porque você já é um homenzinho”. Agora, com o Bernardo tenho que rebolar para fazê-lo obedecer. No dia que reparei que eles não são as mesmas pessoas e que não posso depositar nos ombros de uma criancinha a responsabilidade de ser outra completamente diferente, à partir desse momento, tudo ficou mais fácil.
Ressalto que nosso filhos também não são miniaturas de nós mesmos, não podemos esperar que eles sejam como nós, ou pior, como queremos ser. Há aquele tipo de pai que por não ter sido estudioso, por exemplo, quer que os filhos se matem de estudar ou que por beber demais, não quer que o filho nunca experimente bebida alcoólica. Tudo vem do exemplo. Como cobrar de uma criança um comportamento que nós mesmos não temos? Mas isso é assunto para outro post.
Certa vez estava a todo custo tentando fazer o Bernardo tomar iogurte, ele não comia verduras, não queria frutas, suco natural era um custo e por fim, não queria nem iogurte. Eu chorava querendo que ele comesse, para o bem dele. Até que fui perdendo a paciência e por fim, chamei o Mauricio e pedi que o tirasse de perto de mim, porque estava muito nervosa para continuar, e chorei...chorei como se fosse o fim do mundo, porque realmente, estava preocupada com a alimentação do meu filho. Até que um estalo se fez na minha cabeça, me lembrei de algo importante: eu também odeio iogurte. Todo e qualquer tipo, até danoninho, aqueles de chocolate...todos!! E pensei “se eu não gosto, como posso obrigar que ele goste?” Cada ser é único. Aí comecei a fazer receitas diferentes que o agradasse mais e reparei que ele adora arroz e feijão, comida de verdade, sabe? Nada de sopinhas e comidas de neném. E o Samuel, tão bonzinho, detestava arroz e feijão. Veja que ironia!
Reconhecer a criança como indivíduo que tem sua personalidade, seus gostos e suas particularidades, é o princípio para uma convivência mais harmoniosa.
Quando eu era criança, não importava o que os adultos faziam contra mim, eu tinha que obedecê-los e respeitá-los, mesmo que eles não fizessem o mesmo por mim. Eu achava tão injusto, porque às vezes, eles me criticavam, brigavam sem motivo, me irritavam por diversão para ver até onde eu ia e depois me castigavam pelo meu nervosismo (que maldade!) ou até mesmo me desrespeitavam e eu nada podia fazer. Decidi que quando tivesse filhos, iria respeita-los. Fazer diferente. Quando faço alguma brincadeira que o Samu não gosta e ele fica chateado comigo, peço desculpas, não “deixo para lá” só porque ele é criança. Quando peço para fazer alguma coisa, mesmo que eu esteja mandando, eu digo “por favor”, porque ele não é cachorro para ser “mandado” e quero que ele aprenda as boas maneiras. E como resultado, certo dia no supermercado me enchi de orgulho ao ver meu filho agradecendo cada produto que a atendente entregava para ele, de forma natural e encantadora, sem eu pedir que o fizesse e isso fez com que se formasse um circulo de olhares admirados e eu toda feliz por ver meu filhinho, aplicando o que aprendeu comigo na prática, não no meu falatório. Ele aprendeu porque toda vez que faz algo que eu pedi, agradeço. Samuel é uma pessoa que me fez um favor e por isso, merece um agradecimento, não um “escravinho” que eu mando e desmando sem o mínimo de respeito.
Enfim, com tantos filhinhos e personalidades diferentes, há que se fazer um esforço para que tudo dê certo. Mas, como disse, respeite cada um segundo sua personalidade, segundo o seu jeitinho e você vai se surpreender quando descobrir características tão lindas, tão singulares que fazem do seu filhinho esse serzinho tão especial!!
Na foto, Bernardo e Samuel sendo eles mesmos! rs!
0 comentários: