Fonte: Revista Donna |
Não critico o julgamento em si, já que é inevitável mesmo! Todas julgamos umas às outras. Sempre... Observamos, absolvemos o que é bacana e criticamos o que achamos esquisito ou difere dos nosso hábitos. Coisa da vida, da natureza humana.
Agora, imagine a cena:
Três famílias almoçando no shopping, sentadas em mesas próximas...Vamos imaginar uma que seja parecida com a minha, ok? Com três filhinhos de 6, 3 e 1 ano e meio.
Família 1
A mãe leva a comidinha feita em casa para o menorzinho que ainda é bebê e não pode comer "porcarias", correndo o risco de uma intoxicação com comida da rua. A gente não sabe quem botou a mão, né? Levamos de casa, condicionado na bolsinha térmica. Vai ao restaurante mais natural possível, enche a prato dos outros dois filhos de legumes e um grelhadinho. Eles nem conhecem Mac Donald's por que a mãe nunca deu e não permite que eles passem tempo em frente a TV para descobrir o que é. Ela, antes de comer, leva todos ao banheiro para lavar a mão, quando chega na mesa dá uma reforçada com álcool gel e limpa novamente todos os talheres usados. Enquanto o pai come tranquilamente, a mãe desesperada implora para os maiores comerem. Eles não querem. Querem correr, brincar. A menorzinha faz uma lambança daquelas com a papinha e fica chorando quando a mãe tentar limpar o máximo possível com o lenço umedecido. Os maiores começam a brigar e mexer na comida do outro, já que não tem interesse nenhum em comer.
- Nãoooooo! Com a mão não, "Filhinho 1"!!! É falta de educação!
- Não fala de boca cheia, "Filhinho 2"! E senta direito! Você não está no sofá de casa!!!
No final, a mãe não comeu nada e está estressada, o pai está satisfeito e tranquilão, os maiores não comeram e agora brigam, o bebê chora e está imundo, lambuzado de papinha. E o que deveria ser um passeio vira um filme de terror! Todos vão embora estressados e cansados, desistindo do passeio que deveria ter sido para lazer.
Família 2
A mãe está acompanhada da avó das crianças. A mãe tira um lenço umedecido da bolsa e limpa as mãozinhas de todos. Deixa que os filhos escolham o que querem comer, contando que não seja muita porcaria. Eles comem direitinho porque escolheram, acompanhado de refrigerante, afinal, é fim de semana, né? O bebê come no prato da mãe mesmo e está super tranquilo. A avó tenta ajudar o máximo possível, apesar de sabermos que tudo recai sobre os ombros da mãe. O bebê agora cismou de não querer mais.
- Ok! - Pensa a mãe. - Mais tarde compramos um biscoitinho para dar uma enganada. Se ele não está com fome, eu estou e não perderei meu tempo insistindo para que a criança coma!!
Eles terminam a refeição rápido para continuar passeando no shopping.
Família 3
A mãe, o pai, os filhos... Todos comem Mac Donald's acompanhado de Coca-Cola. Todos montam e brincam com os brindes. O mais bebê come nuggets com batata frita e suco, os mais velhos Mac Lanche Feliz, afinal este mês é dos Minions e os brindes são super legais! Todos deixam boa parte da comida na bandeja e vão fazer compras.
Julgamentos possíveis das outras mães que estão olhando a Família 1:
- Que frescura dessa mãe!!! Criança tem que ter contato com os germes para desenvolver resistência!!
- Por que enfiar legumes "guela" abaixo das crianças? Até no fim de semana? É por isso que são crianças chatas!!!
- Essas crianças não devem nem aguentar viver com essa mãe paranoica!
- E esse marido lerdo? Se fosse o meu, daria um tapa na testa para vê se acorda...
- Adiantou todo esforço? Todo mundo saiu estressado!!!
- Deixa as crianças brincarem, sua chata!!! Dá um copo de Coca que eles acalmam!!!
Julgamentos possível das outras mães que estão olhando a Família 2:
- Cadê o pai das crianças para ajudar a cuidar dos rebentos?
- Tem que trazer a coitada da velha para ajudar!! Exploração de idosos!!!
- Aláááá... deixa os meninos comerem o que querem!! Criança acostumada a fazer tudo o que quer! Por isso que esse mundo está assim!!
- Falta pulso de homem, falta presença de pai...
- Credo... o bebê comendo na mesma colher da mãe! Ela não tem noção da quantidade de bactérias e de doenças que são passadas pela boca?
- Nossa... Deixa a criança sem comer e continua almoçando como se nada tivesse acontecendo. Mãe desnaturada!!
Julgamentos possíveis das outras mães que estão olhando a Família 3:
- Todo mundo comendo porcaria!!! Incentivando a obesidade infantil...
- Vão crescer e ter um monte de doenças!
- Criança fazendo o quer? Por isso crescem mimadas, achando que podem fazer tudo... Está aí o futuro deste País!!!
- A família só pensa em comprar!!! Aí cresce um monte de criança fútil e vazia!! Tem que ensinar a valorizar as coisas realmente importantes da vida...
E blá blá blá...
Agora, pense: todas essas mamães querem o melhor para os filhos e para si mesmas. É o que importa! O que cada uma faz da sua vida, não diz respeito a ninguém!
A questão aqui não é o que cada mãe acha! Todo achismo é baseado em conceitos morais, vivência, como foi a infância da pessoa, poder aquisitivo, religião... Enfim, uma vida inteira de "certezas". Não dá para apontar o dedo e simplesmente falar. Na verdade, ninguém faz isso. Pensamos à respeito, comentamos com os mais próximos, mas nunca vi ninguém abordar uma mãe para falar mal das escolhas que ela faz. Não com a grosseria que pensamos! Às vezes um palpite furado, mas não expomos o que pensamos, a realidade nua e crua. E mesmo com os pitacos, a maioria de nós, mães, daria uma má resposta daquelas dignas de se enfiar a cabeça na terra, então, é um dos perigos para os palpiteiros.
Porém, desde que inventaram um troço chamada "rede social", as pessoas, livres do olho no olho, se sentem no direito de criticar, falar atrocidades, donas da verdade e propagadores das opiniões logicamente corretas, provadas inclusive com estudos científicos, procurados às pressas no Google só para provar que estão certas!!!
E de onde tiraram a necessidade de estarem certas? Para quê provar que a minha opinião é a correta e lógica? Para quê responder às provocações que passam longe de um debate de ideias, mas uma guerra entre egos.
Eu, sinceramente, quero evitar a fadiga! Prefiro que achem que sou mole demais, que não tenho argumentos, que estou errada, do que perder o tempo discutindo. Cada um que siga sua vida da maneira que quiser, não atrapalhando a minha...
Haaa...Como seria mais fácil, se cada mãe cuidasse dos seus filhos, dos seus projetos, da sua própria vida, em vez de perder tempo criticando, magoando ou irritando outras mães! Demora-se um tempo para chegar a maturidade de não mais se importar com as opiniões alheias, para ligar o botão do "dane-se". Fico imaginando milhares de mulheres que vão para a cama de cabeça quente pensando nas escolhas "erradas" que fazem, como se já não nos sentíssemos culpadas o tempo todo, independente dos julgamento, ainda esses anjos de candura, facilitam a nossa missão plantando a semente da discórdia entre o nosso coração, o que sentimos que temos que fazer e o nosso cérebro, pesquisa, dados que "provam" que talvez não seja uma boa escolha. As circunstâncias, o que achamos exagero ou o que achamos necessário e imprescindível, ditam as regras que temos na maternidade, norteiam as decisões que tomamos.
Cada um que siga o seu caminho, seu instinto de mãe. Quanto aos julgamentos, jogue fora o manual da "mãe perfeita" e diga NÃO às expectativas alheias!!!
Boa noite!
Gostou? Curta Uai, Mãe!?
TIAGO IORC - BOSSA
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