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Filho não pode ser sua única fonte de satisfação

Fonte: exame.abril.com.br

É complicado ser quem realmente somos quando temos filhos! Principalmente com a cobrança diária em sermos perfeitas, que criam verdadeiros anjinhos, tão educados e contidos, tão "plasticamente" fofos... O que passe disso, só depõe contra o nosso trabalho. Crianças que correm, brincam, brigam, falam alto, são taxadas de má educadas, quando na verdade, são apenas crianças! Ainda não foram moldadas para viver em sociedade, por isso, espontâneas.

Voltando ao assunto...

Você acha que eu gosto de ouvir Galinha Pintadinha o dia todo? Para aliviar o estresse das musiquinhas repetitivas, estamos fazendo a transição para o Palavra Cantada, músicas mais gostosas de ouvir, com vocabulário mais variado e letras inteligentes. Quase todos os dias é uma festa, colocamos o DVD Pé com Pé do Palavra Cantada e dançamos, cantamos, nos divertimos. Todos juntos! Até o papai não escapa da farra. Há sempre momentos assim, de descontração, para amenizar aquela faceta de mãe chata que tenho que exercer todos os dias. É mandar tomar banho, comer tudo, não bater no irmão... Tudo isso, dito às vezes, eu confesso, não com a delicadeza que eu gostaria. Fazer o quê? Parece que quando nos tornamos mãe, uma sirene cresce dentro da garganta e o volume aumenta com quantidade de filhos. Tenho 3. Já imaginou? Odeio gritar! O-D-E-I-O !!! Mas nem sempre consigo manter a calma necessária para convivermos na mais serena paz, nem sempre consigo colocar em prática os manuais, todos os manuais que ensinam dicas infalíveis em como moldar seu filho e fazê-lo uma marionete que não questiona, não pensa. Contudo, é o que todos querem, aceitam como natural. E nós mães, fadadas ao fracasso, sendo essa uma jornada impossível de continuar. Não estamos adestrando cachorros, estamos criando filhos que pensam por eles mesmos.Eu, definitivamente, não preciso viver torturada por esses manuais. Não quero.

Me perguntam sempre como consigo dar conta de três com diferentes personalidades. Bom, eu sigo minha intuição. Faço o que acho certo. Respeito a individualidade de cada um, seus sentimentos, medos, personalidade e assim, as coisas vão ficando mais calmas. Ensino respeito, educo, passo todos os valores que acredito serem importantes para se tornarem pessoas de bem. Porém, meu desejo não é moldá-los para serem como as pessoas querem que eles sejam. Passei minha vida toda sendo o que não queria ser. E não há sensação pior do que não se aceitar como realmente é.

Algumas pessoas acreditam que criar filhos seria como plantar árvores, inflexíveis, raízes grossas e firmes. Filhos livre e leves são resultado de um mal trabalho. Já eu, acredito que criar filhos é mais como plantação de bambu... rs! Ou aquelas árvores altas, flexíveis, com raízes fortes, mas que se moldam à situação, aos problemas, ao que a vida nos apresenta. Não confunda liberdade com permissividade! Não deixo meus filhos soltos, fico perto, bem pertinho acompanhando tudo, mas respeitando os limites, as diferenças entre eles. Pregamos tanto que respeitemos as diferenças com pessoas de outra cor, de outro time, nacionalidade, opção sexual, mas não queremos respeitar as diferenças dentro da nossa própria casa, aqueles detalhes que fazem cada filho ser singular. Criados da mesma maneira, mas diferentes entre si. Um gosta de beterraba e outro não. Fazer o quê? Enfiar "guela" abaixo? Não! Eu mesma não sou muito fã. Questão de paladar. Quem sabe se fizermos panquecas coloridas com beterraba, que são batidas no meio da massa, eles comeriam, sem reclamar tanto? Haveria menos estresse em casa e você respeitaria o limite de cada um. Dá para ser mais flexível? Dá!

Se as revistas dizem que "tem que fazer para que a criança se desenvolva bem" - é sempre esse o motivo - e a família não tem condições financeiras, estruturais ou de logística para aplicar o "conselho", o que fará? Se sacrificará para fazer o que "tem que fazer"? Por que não parar para pensar e analisar se realmente precisa? Será mesmo tão necessário assim? E nas gerações passadas, que as crianças não tinham tanto acesso a tudo, que as mãe não tinham noção desses "modismos" de agora, as crianças eram criadas como? E ficaram piores por causa disso? Sei lá, eu tenho percebido que as gerações passadas eram melhores. Não é dado tirado de nenhuma pesquisa, nem uma especialista que vos fala, é apenas minha opinião. E realmente, crescer antigamente era muito melhor. Será mesmo que seu filho precisa de tanto? Tantos brinquedos? Aula disso ou daquilo desde os 3 anos? Não passou pela sua cabeça que várias pessoas que contam sobre seus filhos terem amado tal produto, de ter sido imprescindível no desenvolvimento deles, são pagas para dizerem exatamente isso? Quanta inocência...

Acho graça das mamães de primeira viagem, comprando tapetinhos, cadeirão, brinquedos caríssimo que, dizem os especialistas, ajudam no desenvolvimento. Fico com pena pensando na hora que elas perceberão no desperdício de dinheiro e tempo. Largue a criança no chão, brincando com chocalhos, potes plásticos, bola e se possível, outras crianças, para você ver o desenvolvimento dela... Eu continuo afirmando que todos os marcos de desenvolvimento dos meus filhos, foram dados na casa da minha avó, sem os brinquedos caros, sem os "estímulos" que esse bando de gente palpita que seja necessário. Foi ali, no meio da terra, brincando com bichinhos, comendo fruta do pé, correndo descanso que eles aprenderam a brincar, que cresceram naturalmente, sem exigências, sem gráficos mostrando o "progresso". Eles progridem e ponto. Vão aos poucos crescendo e eu, com calma acompanhando, me divertindo também. A vida me mostrando que não preciso de sacrifícios, além dos naturais (rs!), para exercer a maternidade.

Afinal, em meio a toda essa baderna, em que o mundo se intromete na forma que criamos nossos filhos,vamos nos sacrificando, deixando de nos cuidar, de fazer coisas que gostamos ou gostávamos, antes da maternidade, antes dessas obrigações fazerem parte da nossa vida. E seu filho lá, com o quarto abarrotado de brinquedos que ele nem lembra que existem e você aqui, sonhando em passear, tirar uma noite de folga dessa rotina tão desgastante, sonhando em fazer as unhas, depilar... Todo seu dinheiro indo em coisa inúteis. Haaa... Mas não é só uma questão de dinheiro. Trata-se do tempo desperdiçado, na dedicação para as coisas que não servem para nada, enquanto seus planos, aqueles mesmos que você fez muitos anos antes, vão ficando trás. A maternidade vai ficando pesada, chata, você infeliz. E mesmo assim, provavelmente, alguns estarão me julgando por dizer tamanha atrocidade! Afinal, nem o direito de achar ruim, temos.

Mãe boa, mãe perfeita, mãe dedicada, não reclama! Acha tudo bom! Do acordar várias vezes durante a noite até o fato de não conseguir cuidar de si, tudo isso muito bom!

Me reservo o direito de ser eu mesma, ter minha personalidade intacta, meus sonhos ainda na listinha de planejamento, afinal, sou mãe, mas não deixei de ser a Sheila com meus próprios desejos para o futuro e eles, os planos, nem sempre inclui crianças como sair à noite com o marido, jantar fora e depois namorar, como minha carreira, os livros que planejo ler, que pasmem, não são sobre maternidade! Minha vida não precisa ser regida o tempo todo pelos meus filhos. São meus, são tudo para mim, mas nem toda fonte de alegria tem que vir deles! Havia sonhos e planos aqui antes de ser mãe, uai. Preciso parar de escutar as músicas que gosto? Me sentir culpada pelo cinema que às vezes planejo (nem sempre executo) ir? Me sentir mal por, ao invés de comprar o vigésimo carrinho fora de temporada, preferir ir à manicure, comprar um vestido bonito ou fazer um corte bacana no cabelo?

Acho que não! Não mesmo!

Ter filho não pode, nem nunca será minha única fonte de satisfação! E quando eles se forem? Começarem a namorar, a sair com a turma? Acabará a vida? Lá pelos 40/50 anos que você começará a viver? Por que não ser feliz agora? Saiba que mãe feliz, faz o filho ainda mais feliz!!! =)

É para pensar, viu??
Boa noite!

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MALLU MAGALHÃES - VELHA E LOUCA
 

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