No mundo corporativo, a cobrança é tanta e até maior que a empregada aos homens. Além de driblar o machismo, o lado emocional, há também empecilhos naturais como a velha e boa TPM, sem descer do salto, perder a compostura. Se assim fizermos, somos taxadas de "masculinizadas". Tentar se impor sem levantar, nem por um segundo a voz, caso contrário, somo as histéricas-loucas-descontroladas. E pior, harmonizar toda essa força, essa fúria em conquistar, com o lado doce e delicado que nos é imposto, sem esquecer, é claro, da maternidade. E cá estamos fazendo até 3º turno de trabalho. Sem reclamar, viu? Mulher boa não reclama, aguenta firme.
A maternidade nos é cobrada com tanta crueldade. Não há espaço para humanidade, cansaço ou estresse. Temos que seguir o curso natural de investir na carreira, casar, se anular, ter filhos e depois abandonar tudo para criá-los. E tudo o que conquistamos? Deixamos para lá, ué. A nossa missão "mor" é gerar. Não podemos ter outros prazeres como vida social, sexual, vaidade e vida profissional de sucesso. Nos é ensinado desde cedo que não dá para conciliar todas as coisas. E que alegria sinto em ver tantas profissionais de sucesso que conseguem manter todas as áreas em equilíbrio. Mulheres que não se deixam abater pelos comentário maldosos que só servem para nos entristecer e desmotivar.
Como blogueira, tive o prazer de conhecer mulheres incríveis, algumas, inclusive, com sucesso em suas profissões, mas que largaram tudo para empreender, em busca de um mercado corporativo mais justo e mais humano. Pessoas que querem fazer seu próprio horário de trabalho e ter tempo de curtir os filhos. Mulheres que separam um dia de folga no meio da semana para ir às apresentações, peças de teatro, recitais e tudo que julgar mais importante para acompanhar de perto e não perder nenhum detalhe da criação dos pequenos. Luxo que não podemos ter nas grandes empresas empregadoras.
Sinto em dizer, queridos que torcem contra, apesar das cobranças, chateações, falta de sensibilidade e estrutura para as mamães, estamos "rebolando" e dando nosso jeitinho para crescer profissionalmente. Estamos de mãos dadas, ajudando umas às outras, apoiando cada salto em busca do desconhecido, que é empreender. E o mais bonito: saltamos em cima de salto-agulha. Continuamos belas para provar, que é sim possível ter tudo o que queremos, apesar de nos informarem e torcerem pelo contrário.
Sim, estamos mais caladas em casa, nas festas de família, nas rodas de bate papo. Não queremos mais conversar com quem não tem interesse em entender esse movimento. Não temos mais paciência com pessoas que só querem, só prestam para criticar nossas escolhas, como se fosse fácil. Fácil é apontar o dedo, dizer o que fazer com a vida do outro, sem ponderar os motivos das escolhas que cada uma de nós faz.
Não queremos mais ser parte mulher, parte esposa, parte mãe e outra parte profissional. Queremos conquistar tudo na sua totalidade. Eu não quero ser "parte-nada", quero ser inteira em tudo o que fizer e fazer com excelência. Se necessário for, recolher as asas e esperar a oportunidade certa ou aguardar o tempo propício de voar, quando o vento estará mais à favor. Não pense que desistimos! Estamos trabalhando, planejando com a mesma maestria que fazemos tudo que nos dedicamos por inteiro. Somos excelentes na arte de camuflar sonhos e sentimento à procura do momento perfeito para colocar em prática o plano de ação escondido no fundo da gaveta de calcinhas.
Veremos nossos filhos crescerem, na estatura e em caráter, ali ao lado da mesa de trabalho. Não nos importamos com o barulho e confusão, quando pensamos no quão benéfico é não perder nadica de nada do desenvolvimento deles, quando pensamos nas pessoas maravilhosas que estamos criando. Crianças acostumadas com a mãe lutadora, que segue o seu caminho, não importando com os obstáculos.
Venceremos os olhares desconfiados, as palavras desmotivadoras, os maridos chatos, a família linguaruda, quem não acredita em nosso potencial, quem torce contra pelo prazer de dizer "eu avisei". Não perceberam que nossa motivação é muito maior e mais forte que tudo isso? É o amor! Amor aos filhos, desejo de um futuro melhor, amor à nós mesmas e aos nossos sonhos que há muito sonhamos em silêncio.
Preparem-se! Parecemos quietinhas, loucas, conformadas, resignadas, mas estamos juntando forças. Bradaremos ao mundo tudo o que queremos conquistar, queiram vocês ou não! Não adianta dizer que não conseguiremos, seja você mãe, pai, amiga derrotista, sogra ou marido descrente. Nossa característica mais forte é a surdez. Passamos tanto tempo nos adequando ao que queriam que fizéssemos, que desenvolvemos uma capacidade incrível de não dar ouvidos a quem nos queira mal: mal cuidadas, mal amadas, mal-tudo.
E chegará um tempo de realizações, de colher os frutos que plantamos hoje, nas noites em claro que passamos trabalhando e estruturando o trabalho. É questão de lógica: tudo o que plantamos e regamos, colheremos. E nossos frutos serão lindos! Estamos educando crianças que sonham mais alto, que não tem medo de arriscar, que sabem o caminho de casa apesar das asas abertas para o mundo e tudo o que há de belo e novo. Estamos criando meninas que terão esse mesmo sangue empreendedor nas veias e meninos que respeitarão, apoiarão e se espelharão nas mulheres fortes que passarem por suas vidas, incluindo a mãe.
É... neste ano que se inicia, apesar de algumas chateações e não poder ver com clareza o futuro que me espera, só preciso fechar meus olhos com fé, pedindo forças para continuar, que logo os sonhos se materializam em minha mente. Eis o maior perigo do mundo: mulheres que sonham e lutam para conquistar.
É bom que tenham medo, pois estamos chegando...
PITTY - SETEVIDAS
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