Minha oração hoje é que não me esqueça da sorte que tenho em ter gerado filhos tão maravilhosos. Que a cada birra eu me lembre dos "eu te amo" ditos assim sem motivo, de supetão e que são um carinho na alma dessa mãe tão cansada. Que a cada noite mal dormida por preocupação ou por cuidados que exige a maternidade, eu nunca esqueça que eles são como sementes que quando bem plantadas e regadas com amor, darão bons frutos. Que meus filhos sejam como um bom perfume por onde andarem e saibam tirar o que há de melhor em cada um que cruze o caminho. Que eu não me esqueça do tempo que eu velava o sono enquanto admirava cada detalhe do rosto, tentando guardar na memoria cada curvinha que me encantava e me fazia pensar o como fui capaz de gerar algo tão perfeito e lindo.
Nos dias sérios demais, com excesso de compromissos e obrigações, eu saiba parar tudo para brincar com eles e rir das bobagens que fazemos juntos o que é um alívio para o dia estressante, dando um refresco à minha vida e me trazendo de volta o sorriso fácil e a gargalhada sincera. Que eles continuem aflorando o lado mais bobo e sapeca que há em mim que me faz dançar, cantar, pular, brincar na terra, correr descalço e brincar de pique-esconde, por que, sinceramente, é o lado que eu mais gosto. Quando eu me sentir má demais, por que o mundo e a dureza da vida faz isso conosco, eu possa olhar para eles e reaprender a amar, redescobrir a gentileza e o cuidado despretensioso.
Fonte: Arquivo Pessoal |
Que eu saiba sonhar como eles sonham, com leveza, sem levar em conta o que é impossível aos adultos, afinal, sabendo o Pai que tenho, não deveria temer esses impossíveis. Que eu saiba estender a mão a cada cachorrinho sujo das ruas, assim como no dia em que o Samuel veio embora chorando por que não conseguirmos trazer um deles para casa e dormiu pensando no pobre cãozinho que estava sozinho nas ruas, sem a mamãe dele por perto. A cada reportagem e tragédia noticiada, eu veja com os olhos deles, a empatia natural e sincera de se colocar no lugar do outro e sofrer junto, não deixando morrer o pouco da humanidade que os adultos ainda carregam no peito.
Que eu saiba cria-los em amor, ensinando que assim levamos tudo na vida, mas que encontrem o equilíbrio com a razão para serem felizes. Apesar da tentativa de muitos em atrapalhar, que eu consiga ensinar o que é certo, mesmo que não esteja mais na moda e o que é errado, mesmo que todos estejam fazendo. E por favor, Deus, que eles saibam diferenciar o mal disfarçado de bem nas pessoas, nas coisas e nos caminhos a escolher. Que eu saiba segurar o ímpeto de intrometer-me nas suas decisões futuras e confie na boa criação que dei.
Que os meus braços sejam sempre um refúgio nos dias de chuva forte que assusta ou nos dias de sol lá fora, mas de tristeza por dentro, não importa o motivo, mesmo que seja algo errado que fizeram, afinal, isso não anula as boas pessoas que são e resta o meu colo para consolar e relembrá-los do caminho certo a seguir. Que eles saibam perder e me lembrem desse aprendizado quando a casa for ficando vazia à medida que crescerem.
E quando eu me olhar no espelho, não me esqueça da mulher maravilhosa que sou, do quanto foi custoso e do quanto valeu cada momento vivido ao lado desses anjos que Deus me deu o privilégio de ter. O rosto cansado, as marcas da maternidade, o tempo que vai passando, só me fez mais bonita, mais segura das minhas decisões e me ensinou a valorizar momentos tão bobos nessa aventura que é ser mãe, mas que são os que verdadeiramente ficam na memória e no coração.
Amém.
Esse texto foi publicado originalmente no Indiretas Maternas
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