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Faça as pazes com a imperfeição

Estive pensando nas mães...em todas elas, na minha inclusive. Analisando bem a minha infância, tento me lembrar de como me sentia em relação a algumas coisas que minha mãe fazia e me deixava triste ou insatisfeita, como a dedicação dela ao trabalho e a falta de tempo para mim, por exemplo. Tento me lembrar também do que as pessoas diziam na época. E só me lembro de um detalhe: eles a achavam louca. Louca por escolher ter um filho da maneira que teve, solteira. Louca por trabalhar tanto, às vezes o plantão era de 36 horas, acredite se puder. Louca por sonhar em ter um filha fazendo faculdade, vestindo-se bem, criada diferente, com oportunidades diferentes das que foram oferecidas a ela e o máximo de diferença possível da forma que ela mesma foi criada. Para quem não sabe, minha família era bem humilde. E a minha mãe desejar as coisas da forma que desejou e fazer, assim, de supetão mesmo, foi uma loucura. Mas vendo quem me tornei, quem o meu irmão se tornou, mesmo convivendo tão pouco com ela, percebo que todas as decisões dela foram acertadas, construíram a minha personalidade, fazem parte de quem eu sou, da minha essência. Imagino o quanto ela se sentiu mal pelas críticas, afinal, mesmo convictas do caminho que estamos trilhando, ouvir críticas sempre é algo complicado, difícil de aceitar. E ela acertou em cheio, pena não ter tido tanto tempo para comemorar sua vitória. =(

Analisando a maternidade nos dias de hoje, as criticas são bem mais ferrenhas e cruéis! As mães tem que seguir um manual de mãe perfeita que é um absurdo. Não basta "fazer das tripas coração" para que o filho engula algum legume amassando escondido no meio do feijão. Tem que fazê-lo entender a importância dos legumes, dar os alimentos separados para que saibam o real gosto, tem que dar em pedaços para que estimule a mastigação, há a necessidade de ser várias porções com valores nutricionais, vitaminas diferentes e de vários grupos alimentares, não pode oferecer liquido no meio da refeição (e como é que eu faço para enfiar guela abaixo o legume?? rsrs!), ele tem que pegar algum alimento com as mãozinhas para conhecer a textura, fazer mais de uma opção diária para o almoço e jantar... E isso são apenas alguns "detalhes" do manual da alimentação perfeita. 

Vejamos a hora do sono: Não basta colocá-lo para dormir e conseguir que ele durma pelo menos 4 horas por noite. Não! Isso não basta! O "processo" começa às 17 horas com aquela papinha que você fez diferente do almoço e respeitando todos os detalhes descritos anteriormente. Aí tem o banho, brincadeiras que acalmam, "desaceleramento" da casa, luzes mais apagadas, sons mais baixos (afinal, ninguém tem vida mais depois do nascimento do bebê... ), lá pelas 18-19 horas tem a historinha e o bebê tem que estar em sono profundo antes das 20 horas, nem um minuto a mais. Haaa...as mães que sofrem com bebê que acordam a noite toda, que não dormem cedo de jeito nenhum e quando fazem isso, acordam às 4 da madruga querendo brincar, crianças que só dormem com os pais e tudo classificado como "anormalidade" ou errado mesmo, pelo especialistas, quem aí que não se encaixa no perfil descrito de perfeição, está fazendo tudo errado, não se preocupa com o desenvolvimento ou ama o seu filho. Esse tipo de gente (eu, por exemplo) assinou um termo de irresponsabilidade que vem até com certificado de "péssima mãe". O meu está aqui emoldurado e pendurado na parede da sala... rs! 

Dei esses dois exemplos para que todos entendam a pressão que vivemos com diversos "especialistas" que apontam o dedo, ou melhor, o "mãezímetro" deles, classificando nós, pobres mortais em "menos mães" ou "mais mães" que outras. 

Gostaria de ressaltar que há tantos manuais, tantos estudos, que se fossem tão certos assim, não haveriam tantos, haveria apenas um: o que deu certo! Lógico, não quero desmerecer o trabalhos de psicólogos, nutricionistas e pediatras renomados, mas a não ser que seja uma consulta em que a personalidade dos pais e do filho foi analisada com cuidado, assim como sua rotina, seu poder aquisitivo, seus conceitos morais e carga cultural levados em consideração, não dá para dizer nada precisamente, né? 

Vi, recentemente, estudos que apontaram que bebês que foram amamentados no peito por pelo menos 2 anos serão adultos mais bem sucedidos financeiramente, com um alto grau de estudo, e inclusive, um QI maior, comparados com os que foram amamentados por menos tempo ou não foram amamentados. Dá para acreditar? Não? Então leia a matéria clicando aqui. Então, baseado neste estudo, meus filhos, provavelmente, não terão uma vida lá muito bacana? Aff.... Afinal, não amamentei o Samuel, que por sinal já está quase aprendendo a ler sozinho sem nunca ter ido para escola, não amamentei a Luiza que é uma criança inteligentíssima tagarela de 1 ano e meio e o Bernardo eu "só" amamentei por 1 ano e meio, o que também não está bom. Tem que ser 2 anos!!! 

Outro estudo disse que "mães que trabalham fora estimulam as filhas a conseguir cargos melhores e estudar mais". A pesquisa disse que filhos de mães que trabalham se saem melhor no futuro, as meninas, quando crescerem têm mais chances com cargos privilegiados e são mais bem educadas por frequentarem a escola desde cedo. Nota-se que o estudo não foi feito baseado nas escolas do Brasil, né? Mas tudo bem!! rs! Já os meninos, segundo o estudo, tendem a ajudar mais em casa e passar mais tempo cuidando dos filhos. Então, comparando com essa pesquisa, meus filhos também não serão muito felizes, afinal, desde que o Samuel tem 2 anos, eu não trabalho fora. Me dedico tempo integral a eles! O engraçado, é que, mesmo tendo uma mulher dentro de casa, o que não me faz uma doméstica, o meu marido ajuda em tudo que pode, os meninos juntam os brinquedos, cuidam da Luiza, auxiliam na cozinha, a cuidar dos cachorrinho e guardam as compras. Minha Luiza tem personalidade tão forte quanto da mãe e creio que nunca será acomodada ao ponto de não lutar pelo que sonha. Ninguém sonha com pouco, né? Portanto, se ela quiser alcançar um cargo bacana, ela conseguirá, esforçando-se ao máximo, como qualquer outra pessoa, inclusive a que foi criada por uma mãe que trabalha fora!

Se eu me preocupasse com esses estudos, ficaria deprimida a vida toda por não trabalhar fora e não dar o exemplo para a minha filha, como se ficar em casa dedicando-me à minha família fosse menos nobre, mais fácil e cômodo para "mulheres como eu", que emolduraram aquele bendito diploma de incompetência materna só para ter o que pendurar, né? Afinal, sou apenas uma mulher acomodada, desatualizada, oprimida pelo machismo, sem estudo e opção, que escolheu ficar em casa em vez de ir trabalhar e dar o exemplo para a filha que, provavelmente, também será assim...  - Sentiu a ironia, né? rsrs!

Se eu me preocupasse, ficaria triste por não ter amamentado, apesar do esforço para que acontecesse, por não ter tido parto normal, mesmo a cesariana sendo a melhor escolha na época e por tantas outras escolhas que fazemos pensando sempre no melhor. Minha gente, eu nem sairia da cama. Mas eu não me importo com nada disso. Ninguém pode dizer o que fazer, a melhor fórmula, mesmo dando certo com outras mães e outras crianças, não é garantia nenhuma. Temos que aprender que todas temos nossas imperfeições e apontar o dedo para a outra mãe, não diminui nossos erros. Tenho certeza absoluta que por mais perfeita que seja a blogueira X ou especialista Y, todas erramos em algum aspecto e escondemos para que ninguém nos aponte o dedo. Nunca esquecemos, é verdade, nos culpamos eternamente por cada detalhezinho desses que passam desapercebidos pelos outros e carregamos como um fardo escondido por debaixo da roupa. Porém de maneira nenhuma contaremos as coisas que acontecem dentro de nossas casas, na intimidade com os filhos. Nunca se esqueça disso, tá? Ninguém posta no facebook o quanto está chateada por ter errado nisso ou naquilo. Nunca vi nenhuma mulher tirar uma selfie com os dizeres " Cansada demais dos meus filhos. Vontade de abandonar tudo" ou "Vendo ou troco 2 crianças por cachorros que são mais fáceis de criar", complementando com #maternidadeÉumSACO. Nunca vi!!! rsrsr!

Não contaremos as vezes que dormimos abraçadas com eles no sofá às duas da madrugada depois de lutar por horas para que ele dormisse direitinho conforme manual descrito acima... Nem comentaremos, as vezes que demos pão de queijo por que a criança já tinha cuspido a comida toda na sua cara, aquela mesma que ficamos horas planejando e fazendo. Nunca deixaremos que saibam dos gritos desesperados que damos quando eles brigam como Tom e Jerry. Ninguém realmente nunca saberá das vezes que, por não aguentar mais o choro da criança, nos trancamos no banheiro para pensar no que fazer... Nunca!! Cansadas, somos vencidas pelos sucos prontos, pelo biscoito dado às pressas para matar a fome, pelo espaço que sedemos na cama para que todos durmamos juntos, afinal, certo ou errado, estamos todos descansando, né? Estamos exaustas demais para contar historinha para dormir. O dia é corrido demais para ficar desacelerando a casa às 19 horas quando se tem tanto a fazer. Não temos tempo de analisar o valor nutricional de cada alimento, apenas damos o que nos parece mais saudável e fácil de fazer...

E isso nos faz menos mães? Não! Nunca!! Faça às pazes com a imperfeição e mande à favas quem fica lhe apontando o dedo!! rs! A maternidade não deve ser um sacrifício, tem que ser algo prazeroso, leve... Não dá para viver arrependida e sentindo-se culpada por tudo que fazemos.

Pense nisso...

Beijos!!


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