Em minhas pesquisas para fazer uma festinha de aniversário para o Samuel (sim, vamos fazer e depois eu conto tuuudo!!), vi uma reportagem sugerindo um cardápio muito bacana, com comidinhas mais caseiras, a decoração simples e colorida beneficiando mais o clima de alegria do que aquela parafernália que vemos em algumas festinhas por aí. Adorei tudo, tudo... Porém, vendo as fotos com mais cuidado, me deparo com uma que me chamou a atenção: Crianças enfileiradas cada uma com um bolinho e uma vela para soprar e a legenda dizendo que cada um tinha o próprio bolo por que todos amam soprar velinhas. Tudo certo. Mas fiquei pensando: Mas era o aniversário de 1!! E aquele um, queria o dia especial para ele. Só para ele... Caso contrário não haveria diferença entre ir a uma festinha qualquer e a dele. Pensei também no que estamos ensinando para nossas crianças...
Será que é saudável, digo emocionalmente falando, ensinar que tudo tem que ser igualzinho ao do amiguinho, quando o que mais vemos na vida são diferenças? Que tudo na vida há de ser como a criança quer, para não contrariar, afinal, todos amamos as coisas sendo feitas para nos agradar...? Será que é normal isso?
Vi uma psicóloga contando que não se educa adolescentes. Se quisermos que nossos filhos aprendam alguma coisa, a hora certa é na infância. Nada de "não contrariar" por que é pequenininho. Temos que ensinar o caminho doa a quem doer e normalmente, dói muito mais na gente discipliná-los, eu sei.
Analisando a situação como um todo, será que estamos criando crianças mimadas demais? Vejo pais loucos atrás dos filhos em parquinhos e praças para que não se machuquem e com isso é normal ouvirmos frases como "desça daí que você vai cair", "não corre", "não pula", "não brinque assim, brinque 'assado'!". Gente, são crianças!! Elas tem que pular, correr, subir e descer, brincar da forma que acharem interessante e legal. Estamos querendo ensinar as crianças a serem crianças!! Como se soubéssemos exatamente o que fazer!! rs! É lógico que em tudo há limite! Não queremos ver crianças por aí machucadas, fazendo bobagem ou brincadeiras que prejudiquem os outros ou si mesmas, mas não vejo mal em alguns joelhinhos ralados!!
Na casa da Vó tem balanço, brincadeira com terra, bagunça e muita diversão!!! |
Quando meus filhos vão para a casa da minha Avó, que eles já adotaram como deles mesmo... Eles brincam, pulam, às vezes se machucam correndo atras de bola ou subindo onde não deveriam. Claro, que eu protejo, cuido para que não se machuquem, mas percebo que todos os marcos de desenvolvimento dos meus filhos tiveram o início lá, naquele quintal, correndo, brincando com terra até a única parte limpa ser o branco dos olhos!! Foi brincando naquele quintal que meus filhos descobriram de onde vem as frutas e verduras, os insetos que machucam, as galinhas botando ovo que vira bolinho de chuva feito com todo carinho pela Vó. Dentro daquela casa, Luiza e Bernardo deram os primeiros passos, Luiza falou as primeiras palavrinhas, Bernardo passou a se comunicar melhor, Samuel aprendeu a falar o que não conseguia e aprendeu a ir no banheiro direitinho. Não, eu não moro tão perto assim da casa da minha avó. Mas todas as vezes que passo alguns dias por lá, alguma coisa boa acontece! Talvez por eu dar mais liberdade para os meus filhos experimentarem o que há de novo, talvez por eu não temer que algo de ruim aconteça, a não ser os joelhos ralados e bichos de pé que provavelmente pegarão andando descalços por aí (é normal... rsrsr!), ou por poder confiar que caso alguma coisa aconteça, tenho a minha Avó ao lado para ajudar e dar a mão na hora do sufoco.
Cresci assim. Indo passar férias na cada da Vó, comendo couve e alface colhidos na horta ao lado da cozinha, comendo bolinho de chuva no café da tarde, correndo e brincando de bola junto com os garotos, primos meus, até ficar como um tatuzinho, subindo em goiabeira e mangueira para comer fruta do pé, assim, sem lavar mesmo! Andando de bicicleta, caindo e me levantando para brincar mais. Me fez um bem...
Como posso ordenar que meus filhos parem de correr, se esta é melhor sensação do mundo, sentindo o vento no rosto? Como posso pedir que desçam da árvore, se fruta colhida na hora é muito mais gostosa? Alcançar aquelas galhos mais altos vendo tudo ali do alto é tão bom!!! Como posso dizer como brincar se eu mesma tinha uma imaginação muito mais fértil e criativa quando era criança do que eu tenho hoje!? Haaa...eu fazia teatro, compunha música, dançava, inventava brincadeiras, sem nenhuma tecnologia! E era tão mais legal!! Como posso estragar a infância dos meus filhos desse jeito? Enfiando guela abaixo o que eu acho certo, quando na verdade, estou mais perdida que tudo!! Criança não complica, sabe bem mais do que pensamos...
Criança não tem medo, por que eu tenho que impor esse sentimento que tentamos por tanto tempo abolir de nossas vida para alçar voos cada vez mais altos? Elas tem que ter acesso ao que lhes trás curiosidade para querer descobrir, ir cada vez mais longe em suas conquistas! Logo eu, que mais quero o bem, serei responsável pela poda em suas asinhas? Não, eu não!! rs!
Pensem nisso, mamães. Nossos filhos crescerão, infelizmente, eles crescerão! E temos que ensinar o que será importante para toda vida, o que levarão consigo sempre. Nem sempre estaremos por perto para proteger, para colocar a joelheira e o capacete. Ás vezes a vida dá uma rasteira tão grande e tão rápida que não dá tempo de colocar nada para evitar o impacto. Nessas horas, coragem para se levantar do chão, ali sozinho, tem que ser a lembrança de infância mais forte na cabeça deles, a certeza que ele consegue mesmo só, ir em frente...
E você agradecerá cada joelho ralado do seu filhinho, conquistado aprendendo a viver!
Lulu farreando da casa da Vó Maria... |
=)
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