Não sei de onde vem esse sentimento, essa necessidade de nunca estagnar, ficar parada na mesma situação, mesmo sendo boa. Eu não acredito em signos, astrologia, mas dizem que geminianos são assim. Não param quietos. Eu adoro a sensação que a mudança trás, até as coisas ruins que acontecem, eu não costumo questionar tanto, pois penso que é melhor algo acontecer para que mude uma situação, do que ficar parada insatisfeita com o rumo da vida. Sou, como dizem, 8 ou 80, daquelas que arrancam o band-aid de uma vez só, daquelas que ao menor sinal de tristeza e insatisfação nos relacionamentos, dá um basta sem dó ou piedade, nem do meu próprio coração partido. Não fico chorando pelas decisões que tomo. Penso antes de tomá-las para depois não me arrepender e se por algum motivo, perceber que é um caminho ruim, vivo as consequências como quem colhe o que planta, sabendo que tudo na vida é consequência das decisões que tomamos. Sou do tipo de amiga que você pode convidar para uma festa ou para trocar um pneu que eu vou com a mesma alegria. Porém com a mesma naturalidade, ao perceber que a amizade não é tão sincera, eu deixo de me importar. Se fizer sol, passo protetor solar e saio de óculos escuros, se chover, danço na chuva, chuto poças d'água. Sou flexível, me adapto, porém, antagonicamente, anseio pela novidade e a busco.
Lembro-me de alguns marcos da minha vida, daquele prazer do recomeço que sempre sinto quando estou trilhando um novo caminho. O primeiro que senti, que eu me lembro assim claramente, foi a troca de escola que fiz quando entrei para o ensino médio. A sensação de deixar o que me fazia infeliz, os amores não correspondidos, o bullying que sofria, a timidez que sempre me fazia ficar pelos cantos quieta, sem me permitir ser notada por ninguém, apenas por quem se satisfazia em me fazer mal. Mas mudar de escola me abriu as portas para ser diferente, enturmar com gente legal, me permitir ser vista, notada, amada. A timidez caiu por terra. Escrevi roteiros de teatro, encenei, dancei, cantei, declamei poemas, criei projetos bacanas, fiz grandes amizades, fui feliz. E aquela empolgação do começo, que perdurou por todos os anos que continuei com aquela turma, só me fez perceber o quanto o prazer da mudança foi importante, já que trouxe várias outras possibilidades na vida que eu jamais teria experimentado se tivesse continuado na mesmice, no marasmo à espera, sempre à espera de algo, mas sem lutar realmente pela mudança. Sou assim, nunca me permito ser igual todos os dias, sempre.
Porém teve um instante da minha vida que a sensação da mudança não foi exatamente um prazer, mas me trouxe a expectativa de que algo bom teria que sair daquela experiência, que foi a morte da minha mãe. Poxa vida! Tantas coisas ruins acontecendo, algo de bom teria que vir. Fiquei sozinha por tanto tempo, sem lar, sem família. Aquele marasmo de solidão me matava um pouco a cada dia. Conheci meu marido e a expectativa de coisas boas voltaram a fazer parte da minha vida. Bom, não foi exatamente como planejei, mas valeu a pena. Com o nascimento de cada filhinho eu tinha a sensação que estava trilhando um caminho novo, de esperança e nunca mais eu estaria só. Ouvi isso de uma mãe, certa vez, quando estava grávida do Samuel, de que finalmente eu não estaria só. E eu conversava com a minha barriga, contava o que me afligia, como se o bebê pudesse me entender... rs! Ter uma vida sob sua responsabilidade, é claro, um peso muito grande. Criar pessoas boas, dá um trabalhão, mas penso no futuro como quem mastiga um folha de hortelã, que passa um frescor, uma leveza na alma, sensação de dever cumprido, de recompensa depois de tanto esforço. E eu, realmente nunca mais estaria só!
Desde que a Luiza, meu último (último mesmo, por que não quero mais não... rs!) bebê chegou eu não tinha essa sensação de novidade. Depois de algumas batalhas, de tanto lutar pelas benditas mudanças. pela primeira vez depois do nascimento da Luiza, eu senti aquele ventinho na barriga, aquele arrepio que tanto me contagia, me faz bem. Mudanças estão por vir e mesmo que algumas não me pareçam tão boas assim, encaro com a mesma coragem que encarei a morte da minha mãe. Algumas já estão sendo sonhadas por anos, como meu curso para me tornar o que minha mãe sempre foi e que tanto me orgulhava. Quero ser enfermeira. Claro, será uma mudança e tanto de carreira, de vida. Mas sonho em ajudar como minha mãe ajudou, cuidar de pessoas, estar ao lado, segurar a mão, quando alguém precisar. É o que quero para mim!
Neste exato momento, coloquei a mesma playlist que ouvia quando tinha os meus 16, 17 anos. Lembrei-me de tudo, de como me sentia, do que as canções representavam na minha vida e apesar da mudanças na vida, nos anos a mais que ganhei e graças a Deus ainda não são perceptíveis no espelho (rs!), ainda sou a mesma garota que sonha com as mudanças, com as borboletas no estômago, com aqueles instantes que tiram nosso fôlego.
Qual a graça na vida sem momentos assim?
Oro por dias mais leves, por momentos inspiradores que me façam criar uma nova playlist, daquelas que guardarei com carinho para ouvir daqui uns 10 ou 15 anos, feliz e satisfeita pelas escolhas que fiz.
Boa noite!
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