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E quando os filhos perguntam sobre a morte?

Meio de tarde comum de um final de semana qualquer. Estamos todos assistindo desenho animado. Todos se divertindo em uma tarde leve e sem compromissos. Assim, sem motivo algum Samuel diz:

- Eu não quero que você morra, mamãe.

Me assustei com aquele assunto e principalmente por ele vir assim, do nada. Porém sou daquelas mães que dizem a verdade. Tenho uma fé e é claro, passarei aos meus filhos, de que este mundo é apenas o inicio de tudo. Nós não somos um corpo com uma alma e um espírito. Para mim, somos um espírito que habitamos um corpo e possuímos uma alma. Mas é tão complicado explicar fé para crianças, né? Dado o desespero, ele queria uma resposta mais emergencial.


 - Filho, a mamãe não vai morrer agora. - Respondi.
- Mas eu vi que os pais morrem um dia.
- Onde você viu isso, Samuel? - A minha raiva estava focada em quem levantou esse assunto chato. - Alguém te falou isso? - Tomando todo o cuidado do mundo com o uso das palavras...
- Não, mamãe. Ninguém falou. Eu vi. Os pais morrem, não morrem?

Ali estava eu, essa mãezinha atrapalhada que tenta com todas as forças do mundo não magoar seus filhos, encurralada com uma pergunta que eu não poderia mentir. Foi um trato que eu fiz comigo mesma. Sempre achar uma resposta plausível, caso não possa dar a resposta corretamente, levando-se em conta a maturidade e capacidade de assimilar a verdade que as crianças têm. Neste caso específico, não há meio termo. A pergunta foi curta e grossa.

- Um dia os pais morrem, filho. A minha mamãe mesmo morreu, a mãe do papai também. Mas a mamãe acredita sinceramente que quando a gente morrer a gente fica perto de Deus e de lá a gente cuida das pessoas que a gente ama. Mesmo quando os pais morrem, eles continuam conosco no nosso coração e sempre estão por perto para cuidar. Mesmo que a gente não veja, se pararmos e ficarmos quietinhos, dá para sentir o abraço deles. - Foi o melhor que eu pude fazer, por ora.

Não sei se foi o ideal. Sei que ainda terei muito o que conversar e explicar sobre o assunto, mas serviu para aquietar o coração aflito do meu filhinho. Alguém mais já passou por algo parecido? Já teve que explicar sobre a morte, este assunto que amedronta até adultos...?

Conte-me.


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