Navigation Menu

II Seminário Internacional de Mães



Em uma manhã chuvosa e fria de sábado não apenas eu, mas 802 pessoas, sendo 97% mulheres, mães, acordaram cedo vencendo a preguiça do dia gostoso feito para dormir, vencendo os olhares doces dos nossos filhos que imploravam para que fiquemos juntos debaixo das cobertas e alguns olhares não tão doces assim dos maridos que sabiam que o dia seria looongo cuidando das crianças sozinhos, sendo mães por um dia. Contra tudo e todos, fomos em busca de aprendizado, de um frescor na alma e um empurrão de incentivo que as palestras e a convivência com tanta gente linda nos proporcionaria.

A COLETIVA 
Fonte: Arquivo Pessoal

Este Seminário foi sendo preparado carinhosamente com mensagens de incentivo e mimos muito antes de acontecer de fato. Na coletiva de imprensa já tivemos uma prévia do que viria.
Dra. Filó, pediatra do CTI Infantil da Santa Casa e uma das médicas mais requisitadas de Belo Horizonte, começou o papo pontuando que sem amor criança não cresce. Amor sara, rega, cuida e faz florescer. Ressaltou a importância do Seminário e a oportunidade de tratar nossas inseguranças falando sobre elas. O diálogo com outras mães nos tranquiliza, alivia e quando falamos de nossos problemas, nos tratamos. Afinal, quando nasce bebê, nasce uma mãe e uma culpa do tamanho do mundo. Buscamos a perfeição e por passarmos tanto tempo planejando o que os filhos serão no futuro, não vemos os primeiros dentinhos. Filho é opção, não uma satisfação que devemos à família ou à sociedade. Não podemos tomar o rumo da maternidade achando que iremos fazer tudo mais que fazíamos antes. E terminou dizendo que temos que devolver às mães a verdadeira importância dela.

Laura Gutman, autora de diversos livros dentre eles, "O poder do discurso Materno", um dos mais queridos pelo público. Falou sobre nossas falhas e de onde elas realmente vêm: da infância. Precisamos nos conectar com quem fomos quando crianças para entender o que realmente o nosso filho precisa. E muitas vezes, esse resgate de quem fomos, pode doer, nos trazer ao encontro de velhos traumas que pensávamos termos esquecido, mas que estava o tempo todo em nosso inconsciente e era responsável por muitas atitudes e características de quem somos hoje.  Papo tenso...

Ashley Marryman, escritora americana, autora de "Os 10 erros mais comuns na crianção dos filhos", começou ressaltando que "acreditar que você pode faz com que você alcance o que quer". Falou de como criamos nossos filhos e respondeu perguntas da plateia sobre frustrações, expectativas, erros comuns e sobre o desenvolvimento das crianças.

A coletiva por si só já deu água na boca. Saímos todas empolgadas, na expectativa pelo dia seguinte.



O SEMINÁRIO
Fonte: Arquivo Pessoal

O Evento começou a linda Cris Guerra nos atualizando das informações quanto ao Seminário. Éramos 802 pessoas, sendo 97% mulheres de 16 estados!


LIGIA GUERRA 
- APRENDENDO A SER MÃE, REAPRENDENDO A SER MULHER. - 

FONTE :GUSTAVO ANDRADE – REVISTA CANGURU

Ligia começou ressaltando que na maternidade, cada um tem o seu ponto de vista. Exemplificou isso através de imagens de duplo sentido, com vários detalhes perceptíveis apenas para algumas de nós. Por isso, a acusação, a critica, o julgamento não pode ser aplicado às mães, sem estar ciente do que cada uma passa na vida.

Vivemos um eterno paradoxo: Amo meus filhos, mas odeio ser mãe.

Isso por que o processo da maternidade trás uma mulher ferida. Todos estão preocupados com o bebê, temos nossos papeis de esposa, profissional, mãe. Mas quem acolhe a mulher ferida? Para minimizar este sofrimento, ser mãe deveria ser um processo antecipado de construção e definitivamente, não termos na cabeça aquela propaganda de margarina, quando a realidade é oposta àquilo.

Sobre os mitos da maternidade, ela pontuou 5 deles.

1º MITO: Mãe sabe de tudo.

Quantas vezes você  já não soube o que fazer?
Precisamos ressignificar nossa missão existencial: quem realmente somos? E com base nisso, assumir que somos limitadas. Não precisamos saber de tudo.

Tudo isso existe por que desde cedo somos mais cobradas. Mesmo na infância é comum ouvir frases como:
- Isso não é quarto de menina! Arrume isso!
- Tem mulher em casa não? - Quando a casa estava bagunçada.
-  Cadê os modos de menina? - Quando você se opunha a alguma coisa, ficava brava ou não se comportava da forma delicada que as pessoas esperavam que você se comportasse.
- Que homem vai querer uma mulher que não sabe fazer nada em casa? - A cobrança para sempre se preparar para o casamento, como se este fosse o único objetivo da mulher.
- Agora pode casar! - Quando a mulher fazia uma comida gostosa.

Temos que quebrar este padrão e está nas nossas mãos fazer isso!

2º MITO: O mito do EU.

Idealizamos a gestação e quando nos deparamos com ela, assim nua e crua, com todas as dificuldades, pouquíssimo relatada pelas pessoas, levamos um choque.

70% das mulheres ficam melancólicas após o parto.
19% entram em depressão. 

Precisamos ter contato com a realidade. Nos preparar para este momento complexo.
Armadilhas:
- Pregorexia - Dieta enquanto se está grávida. Atinge cerca de 3% das grávidas.
- Parto Normal - Você não é menos mãe por ter feito cesárea.
- E outra cobranças que são jogadas em cima das mães. Padrões que algumas vezes, são inatingíveis.  

3º MITO: A indiferença masculina

A maternidade tem que ser construída no menino desde criança. Por que meninos não podem brincar de boneca? Em Portugal, fizeram um experimento com meninos de 10/12 anos. Deram bonecas que simulavam a rotina de um bebê, inclusive, acordando no meio da noite para mamar. Isso não só fez com que os garotos ficassem mais calmos, valorizassem suas mães como também diminuiu o índice de gravidez na adolescência.

O índice de divorcio depois do nascimento do primeiro filho aumentou bastante nas últimas décadas. Veja só:

1984 - 30,8 mil
2014 - 341,1 mil 

Homem não tem que ser um acessório. Dá sim para compartilhar tarefas! Porém, os pais querem ajudar, participar da criação das crianças. Só não sabem como. Normalmente, eles entram nos 3D's:

Despreparo - Não foram criados para "aquilo". Casam sem saber fazer nada, tornam-se pais com a convicção de que tudo será feito pela mulher, afinal, "é sua obrigação".
Disputa - A criança nasce e o pai sente que sua esposa foi "roubada" pelo bebê. Começa a disputa por espaço e atenção da mulher.
Demétrio - Quando fazem qualquer coisa, querem uma festa. Acham que estão fazendo o extraordinário, quando na verdade, é nada mais que sua obrigação. Por isso, ficam frustrados quando não são, em sua visão, "reconhecido". 


Nós, mulheres, temos que entender que o pai tem o seu próprio jeito de cuidar da criança. Da mesma forma que odiamos ouvir críticas, ele também não gosta. Não olhe com olhos de crítica, mas de carinho, certa de que tudo o que está sendo feito é para somar. 

4º MITO: A inveja feminina

Querem vender que somos competitivas, quando na verdade, mulheres são parceiras. 
Com isso, nasceram vários canais de comunicação feminina, como os blogs e sites destinados à dividir conhecimento, compartilhar experiência ou simplesmente, conversar, ouvir o que cada uma tem a dizer. 

5º MITO: De que nada será como antes

Realmente. Nada será como antes! Será ainda melhor! 
A maternidade nos ensina tanto... Depois de tudo isso, seremos mulheres mais seguras, espertas, mais bonitas, certas do que realmente queremos e ainda mais incríveis.  



DRA. FILÓ 
- DESAFIOS DA 1º INFÂNCIA - 

FONTE: GUSTAVO ANDRADE – REVISTA CANGURU

Doutora Filó falou basicamente do desafio que é construir um ser. Não basta cuidar do físico, do mental, do espiritual e do emocional. Temos que cuidar da sua inteireza e só assim criaremos filhos bons e saudáveis em todos os sentidos.

Como a Psicóloga Lígia Guerra, ela nos lembrou desses sentimentos contraditórios que ocorre nas mães. E no caso, temos que não apenas gestar um filho, mas precisamos gestar uma mãe. Reorganizar nossa nova identidade, construir aos poucos a parentalidade, incluindo o pai, que tem que aprender a cuidar desse novo ser em equipe com a mãe. 

Frisou ( e muito... ) que maternidade é para ser feliz e para isso temos que nos cuidar. Cuidar da mulher que havia antes mesmo da chegada do bebê.  Afinal, quem não cuida de si não consegue cuidar do outro. 

"Todos nós estamos caminhando. Todos nós estamos em aprendizagem. Quando a gente erra, a gente fala  "desculpa" e começa de novo. É um caminhar, né? Não tem manual de instrução, não tem quem nos ensine a ser mãe. Mas há uma marca. É amar. Enquanto vocês estiveram amando, vocês nunca errarão . Sempre assim. Nunca duvide da capacidade que foi colocada dentro de vocês, que vocês são capazes de gerar.
Foi entregue uma missão que é só sua. Você é a melhor mãe que aquele menino poderia ter. Você tem o melhor filho que você poderia ter. Faça uma caminhada de construção. Não tenha medo disso. Nós vamos caminhando, e vamos errando, mas é vocês que tem a capacidade de estar aqui em um dia de sábado.Vocês abriram mão de tanta coisa, para repensar a vida de vocês. E isso não tem preço. Isso é uma capacidade inigualável. Mais uma vez eu digo a vocês: Parabéns. Parabéns para as mulheres que desafiam o mundo ... "

Essas frases ficarão sempre guardadas no meu coração...
Dra. Filó foi aplaudida de pé, não apenas pela competência, mas toda a sua humanidade.

ASHLEY MERRYMAN
- FILHOS - NOVAS IDEIAS SOBRE EDUCAÇÃO - 

FONTE: DIVULGAÇÃO SEMINÁRIO DE MÃES

Ashley começou explicando o um pouco sobre motivação.Um cérebro motivado possui dopamina que é um transmissor que quando chega aos neurônios faz com que fiquem mais ativos. O cérebro motivado captura melhor as informações, fazendo melhor uso delas. 

Porém a motivação tem que ser o objetivo, não o combustível para alcançar algo. E cada conquista, um trampolim para ir para longe. 

E como trabalhar motivação com as crianças?

Nós fazemos isso de forma errada! 

Quando elogiamos demais uma criança, ela acredita ser um gênio que não precisa se esforçar para alcançar um bom resultado. E quando tira uma nota ruim preferem dizer que não se importavam ou que não estudaram para a prova, por exemplo, para manter sua "genialidade" intacta. 

Temos que elogiar o esforço. Manter o sucesso controlado pela criança, dentro do "alcançável" se a ela tiver este objetivo e se esforçar para isso.  Dar sempre um feedback para gerar motivação.
 - Você se esforçou muito e por isso conseguiu uma boa nota
- Haaaa...! Se eu me esforçar conseguirei um bom resultado! - Ela pensará.

O feedback catalisa o aprendizado. Mas é preciso que sempre sejamos honestos neste retorno para ensinar a criança a identificar quando realmente foi bem ou quando foi mal em algo. Fazê-la entender seus próprios erros para encontrar o melhor forma de se corrigir. Isso gera autonomia para a criança. Ela saberá o seu objetivo, consertará o rumo caso cometa algum erro e seguirá em frente para alcançar o que deseja.  

Deixe que as crianças façam escolhas e sofram as consequências. Qualquer escolha que façamos, pode dar certo, como dar errado e há consequências dessas escolhas. Filhos precisam aprender isso, por que a vida funciona assim. É claro, somos pais, norteamos as escolhas. Mas filhos buscam o intercâmbio de ideias, gostam de saber que os pais escutam, que são conselhos e boas ideias. 

Quanto ao feedback negativo, focar no que a criança fez, não no que ela é.

Você FOI terrível - ERRADO
Você FEZ algo terrível - CERTO 

NUNCA ROTULAR!


LAURA  GUTMAN 
- IMPACTO DOS FILHOS SOBRE A PSIQUE FEMININA - 

FONTE: GUSTAVO ANDRADE – REVISTA CANGURU

Laura fez uma palestra muito profunda que nos fez ter uma vontade louca de nos consultar com um psicólogo. 

Começou dizendo que o indivíduo nasce com uma capacidade incrível de mar, mas precisa ser amado.  E para uma mãe entender bem o seu próprio filho tem que estar na mesmo âmbito emocional da criança. Mas quando a mãe mergulha no campo emocional da criança ela vivencia tudo o que passou na sua própria infância, todos os traumas e falhas da sua própria mãe com ela. Por não entender bem esses sentimentos por se tratar de situações que ela mesma não se lembrava ter passado, fica confusa, perdida, com medo e sente toda aquela dor que estava esquecida no seu inconsciente. Essa dor é tão grande que ela tem que se "desconectar". E olhando de longe, ela pensa:

- Por que meu filho está chorando? - Sem entender que se tivesse ficado lá, conectada aos sentimentos do filho, apesar da dor, ela entenderia as necessidades do bebê e conseguiria suprir o que possivelmente não lhe foi suprido na infância.

E um ciclo vicioso. Os erros que cometeram conosco na nossa infância, são um reflexo das necessidades não atendidas das nossas próprias mães quando elas eram crianças e assim foi com nossas avós e bisavós. 

Quando somos crianças criamos personagens ( o preguiçoso, o agressivo, a boazinha...) para ter amor, são mecanismos de defesa. Nossos pensamentos são roteiros dos personagens e nunca sabemos quem realmente somos. 

Descobrir quem realmente somos, requer muita força, por que encontrar aquele "eu" perdido na infância, confrontar nossas dores é algo muito difícil e complicado. Mas nos traria de volta, trataríamos estes traumas e por fim conseguiríamos nos conectar com as necessidades dos nossos filhos. 

Se a criança cresce confiando no amor da sua mãe, no futuro só irá derramar mais amor.
  
GABRIELA KAPIM 
- TALK SHOW: SOCORRO! MEU FILHO COME MAL!

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

Gabriela respondeu a algumas perguntas de mães como eu, que estão desesperadas à procura de uma solução para a boa alimentação dos filhos. Alguns pontos:

  • Se a criança come 1 grão de feijão hoje e come 2 amanhã, já é uma boa evolução. É um trabalho à longo prazo que exige paciência. 
  • Para se alimentar bem, ela precisa ter os alimentos à sua disposição. Colocar a mesa todos os legumes e verduras preparadas, mesma que a criança não coma, para já ter contato com o alimento, ir se familiarizando.
  • A criança tem que saber o que come, quando ela já come! É uma evolução. Esconder algo no meio da comida pode ser bom a curto prazo, mas a longo prazo, é bom a criança saber que já come certo alimento que teoricamente ela detesta.
  • Muitas vezes o motivo da criança não comer todos os alimentos que comia quando criança é o “clima” em que as refeições são feitas. Quando ela era bebê mamava recebia carinho, afeto e atenção. Na introdução de novos alimentos, tudo fica mais distante e frio. Fazer do momento da refeição um momento agradável ajuda muito. Largar o celular e conversar à mesa, faz com que a criança associe as refeições à momentos agradáveis com a família.
  • Ser uma mãe chata, cria bons filhos. Não tenha medo de ser a chata. Eles agradecerão no futuro.
A Gabriela poderia continuar o resto da noite tirando dúvidas e batendo papo sobre a alimentação do nossos filhotes. O tempo foi curto para tanta simpatia e boas dicas!


O Uai, Mãe marcou presença sendo um dos apoiadores do Seminário na divulgação. 

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

Foi realmente maravilhoso. Passamos um dia todo só nosso, nos preparando, aprendendo, redescobrindo, nos aperfeiçoando no intuito de criar filhos melhores para o mundo, sem esquecer quem somos, sem perder o gosto de viver, fazendo da maternidade algo mais leve, mais tranquilo de se levar. Rimos muito, guardamos muitas dicas, batemos bons papos, conhecemos outras mães empenhadas e bem humoradas, “desvirtualizamos” algumas amizades, nos emocionamos e chegamos em casa renovadas, loucas para colocar tudo em prática.  

Que mãe eu quero ser?
Quero ser a mãe que eles lembrarão no futuro com orgulho, certos de que dei o meu melhor! Eu quero ser a melhor, PARA ELES... 

FONTE: GUSTAVO ANDRADE – REVISTA CANGURU

0 comentários: