Dia dos namorados. O que fazer? Acordar com um café na cama maravilhoso, almoçar em um lugar charmoso, ganhar um monte de mimos, sair para jantar mais tarde e depois uma noite picante de amor?
Não!
Fonte: Pinterest |
Sou mãe. Acordo é com latido de cachorro, criança pulando na cama e se eu demorar a levantar eles escalam o armário e trazem pão, biscoito, iogurte e o que mais encontrarem por aí para eu abrir e me enchem de farelo antes mesmo que eu consiga dar um pulo da cama. Decidimos então fazer o que sempre fazemos aos sábados. Pracear! Isso mesmo! Brincar na pracinha que fica duas quadras da nossa casa. Apesar de tudo, é dia dos namorados e dou um “tapa” no visual, calço o meu presente que combina perfeitamente com meu vestido longo soltinho e saímos todos.
Chegamos e logo eu percebo uma coisa: não há mães. Nenhuma! Haviam quatro crianças brincando e nenhuma mãe. Eram dois pais que levaram os filhos para o parquinhos sozinhos e um casal de avós que levaram os dois netos. Cheguei com os meus 4: Samuel, Bernardo, Luiza e Mauricio, que veio o trajeto todo reclamando de tudo o que encontrava pela frente. Tive que dar uma bronca:
- Esse é o clima para ir brincar, Mauricio? Se você fosse criança e seus pais te levassem para brincar você gostaria que eles te tratassem assim da forma que está tratando os meninos? Gostaria desse clima horrível? Teria vontade de brincar desse jeito?
Um dos pais tentava a todo custo ensinar ao filho o “manual da pracinha” de emprestar os brinquedos, brincar junto, se enturmar e ser o mais cordial possível. Às vezes algumas crianças tem dificuldade nesse processo, por que é complicado mesmo explicar que há um “regulamento” social que mantém a vida em ordem. Aos poucos eles vão aprendendo, mas requer muita paciência.
Outro pai, porém, me colocou, como mãe, no chinelo. Ensinou brincadeiras diferentes para os outros meninos que ele nem conhecia, orientava o filhinho que não deveria ter mais de 4 anos a conversar com todos, se comunicar e principalmente, ele brincava. Quando Samuel chegou com sua bola de futebol, ele nem precisou implorar para que alguma criança brincasse com ele, como normalmente tem que fazer. Desta vez, no entanto, o tal pai já foi chamando meus filhos e as outras crianças para brincarem, reuniu com o filho dele e foi uma alegria só. O pai prodígio correu, pulou, brincou, ensinou as crianças a terem paciência para esperar sua vez, ensinou tolerância e todos fomos contagiados com a alegria que ele o fazia.
Mauricio foi papear com ele, seguindo à risca o bom manual da pracinha e em um passe de mágica estava brincando com os meninos, levando-os para beber água, 1, 2, 3, 4....quantas vezes fosse preciso sem reclamar ou fazer cara feia, conversando comigo de forma gentil. Um milagre!
E foi assim que eu decidi que à partir de agora, eu decido quais serão os coleguinhas que o meu marido vai brincar. Sim! Já até comuniquei isso a ele, em carta formal e tudo. O pai prodígio, que mais tarde eu descobri o nome (melhor não citar, né? rs!) busca o filhinho todos os dias na mesma escola do Bernardo. Eu sempre o via correndo brincando de bola com todas as crianças e pensava:
- É recreador da escola.
Mas não. É um pai que sabe do seu papel. Cadê sua esposa? Estava em casa trabalhando. Precisava entregar alguns relatórios e ele saiu com o filho para dar sossego a ela. Coisa fofa de se ouvir. E ontem mesmo eu peguei o Mauricio falando com o Bernardo e Samuel que estavam gritando pela casa enquanto eu tentava entregar um texto:
- Para de gritar, gente. Vocês não veem que sua mãe está trabalhando?
Viu o que as boas companhias fazem?
Já avisei que vou abordar o tal pai recreador e marcar alguns passeios. Ele, é claro, vai ter que levar o Mauricio com ele... É quem mais tem me dado trabalho.
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