Há dias em que acordamos com o "ovo virado" ou, como diz a minha Vó Maria, "com a Vó atrás do toco", seja lá o que isso signifique. Mas toda vez que ficamos emburrados ou de mal humor, lá vem ela dizendo a mesma frase, que colocamos a vó, ela mesma, atrás do toco! rs! Coisa de mineira mesmo!!! Pois bem, hoje estou com a Vó Maria atrás do toco. Desculpa aí, Vó!!!
Em dias assim, me permito não fazer nada, apenas o que me faz bem ou que seja extremamente importante, como o almoço. Procuro ler, ver minhas sérias preferidas, assistir TV ou um filme. Porém, nada neste mundo me deixa mais feliz do que brincar com os meus filhos.
Engraçado...
Quando estava grávida ou antes mesmo, quando tudo não passava de um sonho, planos para o futuro, sempre me vinha à mente cenas lindas entre mãe e filho. Me imaginava brincando, conversando, sorrindo com o meu filho nos braços. Creio que toda mãe ou aspirante à maternidade também pensa assim e planeja um relacionamento mais gostoso e leve com os filhos, momentos de alegria plena em meio à rotina. É claro, tudo isso vai aos ares quando o bebê nasce e começam as responsabilidades, noites mal dormidas, alimentação ruim por falta de tempo. Todo esse sacrifício por um serzinho que fica lá, deitando, inerte a tudo, com raras expressões de alegria ou satisfação. Nos primeiros meses, o bebê mal interage conosco. Dá uma certa frustração. Eu chegava a sentir tédio, acredite se puder. Afinal, eles dormiam boa parte do tempo e eu ficava ao lado do berço olhando, esperando alguma reação, algum toque, qualquer coisa que mostrasse que estou fazendo um bom trabalho, qualquer gesto de satisfação. Porém, infelizmente, só nos resta o trabalho, duríssimo por sinal. À medida que vão crescendo, passam a sorrir, a reagir ao toque da mamãe, ávida por convívio, por momentos doces que ela sonhou e esperou por tanto tempo.
Estressante viver assim, sabe? Cuidando, trabalhando, fazendo de tudo e ainda mais um pouco, por nossos filhos e às vezes não ter nem um sorriso como retribuição. É claro, alguns são tão pequenininhos que mal conseguem sorrir, outros ainda não sabem que os legumes que engolem e as horas de sono que os obrigamos a ter são importantíssimos para sua saúde e não há maior prova de amor do que os "nãos" que damos. Há dias em somos as vilãs. Meu Samuel já chegou a dizer que prefere ficar com o papai. Lógico, né? Eu chego da rua e estão todos sujos, vestidos (ou não! rs!) como querem, comendo bobagem, vendo desenho animado até enjoar, a casa virada de cabeça para baixo... Mamãe á chata mesmo! Obriga a comer fruta, a juntar os brinquedos, a dormir na hora certa, a deixa a TV um pouco de lado. É gostoso ser assim? Não!! Mas precisamos!!!
Mas hoje não!!! Já que estou de "ovo virado" decidi deixar tudo como está e aproveitar!! Meus pequeninhos, que não são tão pequenos assim, já brincam, conversam, têm senso de humor e aprontam bastante. Hoje me permiti ficar na cama até tarde, brincar com o Bernardo de dar beijo doído, bem apertado, que de tão forte chega a doer um pouquinho, em mim, né? rs! Hoje coloquei Palavra Cantada e dancei com os três, fazendo bastante farra. Os meninos pulando em cima da cama e eu e a Luiza, fazendo coreografia!! rs! Hoje nos permiti comer bolo de cenoura com cobertura de chocolate até lambuzar!! E foi tão bom, tão gratificante!!! Fico às vezes pensando nessa parte boa da maternidade que esquecemos. Quero mais momentos assim de alegria plena. Parar de ficar imaginando quando eu viverei momentos felizes e fazê-los acontecer. A casa? Deixe que bagunce!! Depois arrumamos, oras!!!
Fico me perguntando do quê servirá manter tudo certinho, ser sempre a chata, não aproveitar os dias que vão passando para brincar com eles... Do que adiantará? Ontem mesmo Samuel era um bebê e hoje me assusto quando percebo que ele já perdeu os primeiros dentinhos de leite!! Eu quero é ser feliz!! Rir, brincar de cosquinha, cantar e dançar desajeitadamente, fazê-los gargalhar com mãe desorientada que eles têm, conversar e ouvir o que pensam, me espantar com respostas incrivelmente inteligentes e com suas maluquices também. Aproveitar enquanto posso colocá-los no colo e beijar, enquanto minhas costas doem só um pouco quando os carrego para dançar. Aproveitar, por que o tempo está passando muito mais rápido do que eu imaginava, do que eu gostaria.
E hoje ao vê-los dormindo depois de tanta estripulia, meu coração doeu de saudade do que eu ainda tenho! Sim, sofro por antecipação. Sofro pensando no quanto cresceram e em como gostaria que ficassem pequenininhos para sempre. Trabalho sempre dá!! Mas eu já sei a fórmula de fazer tudo isso ser mais prazeroso: tirar sempre um dia de folga para brincar!!
Bora brincar enquanto eles ainda querem brincar conosco?
Boa noite!
Quando acordamos estressadas...
Published On
10/04/2015
By
Flávia Carvalho
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