Relacionamentos são por si só muito complicados, ainda mais se tratando de casamento. Duas pessoas se encontram, formam uma família na ânsia de suprir os vazios da vida, dar continuidade à sua história, seu sobrenome passando pelas gerações, juntamente com os costumes, trejeitos, manias, aquele pedacinho de cada um que é passado aos filhos. Depois de alguns anos vemos o filho, ali distraído e dizemos:
- O jeitinho é da mãe, mas o corpo é do pai. Puxou também os olhos da avó materna e o queixo do avô paterno.
Mistura perfeita de quem somos!
Porém neste processo de construção da família, nos esquecemos das coisas que abriremos mão, dos prazeres cotidianos que vão ficando para trás. Normalmente, a mulher até sabe do que virá a seguir, mas os homens não têm muita consciência. Infelizmente...
Quantos casais por aí querendo ter filhos para salvar o casamento!!! Há! Se soubessem o quanto enganados estão!
Filho não salva casamento nenhum! Na verdade, ele complica e muito a coisa. Veja só que peso está nas costas da coitada da criança de sustentar, salvar um casamento que nem os adultos deram jeito. Quanta maldade! A criança vem ao mundo com essa responsabilidade e ainda corre o risco quase que certo de entrar em um barco furado. Como disse, criança complica ainda mais a vida dos pais que querem salvar um casamento. Eu explico:
A fase está complicada, brigas diárias, estresse do dia a dia. Você pensa “façamos uma viagem, uma segunda lua de mel para melhorar o clima, renovar as forças e o amor. “ Com filhos, porém, isso está fora de cogitação. Primeiro, que viajar com criança, nunca é férias no sentido literal da palavra. É como levar o trabalho para casa, você trabalha a noite toda e ainda há quem diga que você passou a noite dormindo e descansando. Neste caso, nunca seria lua de mel, já que, mesmo deixando os filhos com alguém de confiança, sempre ficamos preocupadas, temos hora e dia certinho para voltar e no retorno uma infinidade de coisas para colocar em dia. Se o plano for levar a criança, esqueça completamente a ideia de renovar o casamento. Voltamos ainda mais cansadas e não temos tempo para ficar à sós com o marido.
Brigaram? Reconciliação com sexo! Com filhos, é quase impossível. Normalmente, reconciliação com sexo é algo mais impulsivo, assim no meio da sala mesmo, de manhã ao acordar, depois de passar a noite esfriando a cabeça. Se tiver uma criança por perto, não rola de jeito nenhum, primeiro por que acredito realmente que elas têm um radar que soa toda vez que o casal está namorando. Sempre acordam, choram, há os pesadelos e aquela sede incontrolável às 3h da manhã. Não sei como descobrem, é sério.
Um está falando grego e outro hebraico? Bora colocar a conversa em dia, os pingos nos “ís”, uai. Com criança em casa, isso é impossível. Elas querem opinar, conversar sobre os desenhos animados, participar do papo, sentar bem no meio do casal.
O dia a dia está maçante? Vamos sair para jantar fora ou pegar um cineminha! Que nada! Jantar fora com criança não dá. Temos que escolher um restaurante que tenha não apenas comida que eles gostem, como também algo que os distraia. Se você pensa que eles ficarão quietinhos sentados ouvindo a conversa super agradável do papai sobre trabalho, está muitíssima enganada! Sair com criança não é diversão nenhuma, é sofrimento, com raras exceções. Cinema? Só for de animação, coisa que tenho certeza, não interessará o marido. Falo por experiência própria, viu?
A escolha de ter um filho tem que estar vinculada à vontade de ser pai/mãe e não à vontade de salvar o casamento. Relacionamento amoroso é entre duas pessoas e se elas, que são adultas e teoricamente sabem fazer boas escolhas, não conseguem consertar os erros, como deixar na mão dos filhos a resolução desse problema? Filho estressa, requer cuidado e muita paciência, requer que ambos os pais estejam dispostos a abrir mão da balada de sexta, do show daquela banda maravilhosa que todos os seus amigos vão, menos você por causa do filho que não pode frequentar lugares como este, o jantar romântico de sábado que deixa de ser “romântico” para ser “em família” e nem sempre o “em família” é como dizem e mostram por aí. Ás vezes o termo “em família” diz respeito a correria, tralhas que temos que carregar para todo lugar que vamos, jantar comido às pressas e sem nem sentir o sabor direito, retorno mais cedo para casa por que a criança dormiu ou vomitou/fez cocô/derramou comida na roupa toda, até nas que você levou para trocar.
Por isso, se o seu relacionamento não está lá bem das pernas, pense antes de ter um filho, antes do “casal” virar “família”, a coisa complica muito na hora de um divórcio. Como se não bastasse o sofrimento dos adultos, ainda colocar uma criança no meio para sofrer junto? Eternizar um vínculo que poderia ser passageiro por ser ruim e agora, será eterno por causa dos filhos? Prepare a base da família antes de decidir engravidar, seja feliz à dois, viagem muito, curta bem o casamento, planeje com calma o lado financeiro e só aí engravide. Tenho certeza que essa experiência não será marcada por estresse e tristeza, sentimento de “presos por causa dos filhos”, mas de alegria, complemento de um grande amor, tudo eternizado nos filhos, na herança genética que deixarão no mundo. E lá no futuro poderão apontar para seus filhos e dizer:
- É... O jeitinho é da mãe, o corpo do pai, os olhos da avó materna, o queixo e o cabelo do avô paterno. Menino bom, bem-criado. Os pais são pessoas excelentes!! Amam tanto o garoto, por isso ele é tão especial.
Bom, isso é o que desejo para todos, que os filhos sejam para alegrar, dar orgulho, presentear!
ELLIE GOULDING - YOUR SONG
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