Já passei por várias fases na minha vida profissional.
Tive meu primeiro emprego, o medo em executar cada tarefa e talvez cometer um erro. Tinha que dar tudo certo! Aquela satisfação em ser elogiada na reunião mensal com o dono da empresa e perceber características que antes não lhe serviam para nada, como organização e persistência, poderiam ser úteis no trabalho, aliás, muito importantes. Coisa boa!
Já fui estagiária, ansiosa para aprender e agregar valor ao meu currículo, absorver o máximo possível, adquirir experiência e algumas “estrelinhas” de produtividade, para quem sabe, com muita sorte, ser contratada depois de 2 longos anos de esforço e sacrifício. Não fui. Fazer o quê? Lembro-me da vontade que tinha de ir trabalhar, mostrar todo meu potencial. Lembro também das horas que eu passava estudando a gama de produtos e os labirintos dos processos administrativos para melhor atender meus clientes, fideliza-los. Não sai da minha cabeça minha chefe brigando comigo para que eu fosse embora e das premiações, frutos da minha insistência em ficar e persistência em vencer meus próprios limites. Trabalhei muito, viu? Tinha pique e disponibilidade para isso.
Porém, de todos os desafios que enfrentei, nenhum foi maior que ser mãe e profissional ao mesmo tempo.
Quando engravidei, trabalhava no mesmo ramo e exercia mais ou menos a mesma função que na época de estagiária, só que em outra empresa e com um salário menor, se possível fosse. Mas era, infelizmente. Trabalhava de 8h às 20h de segunda à sábado, apesar de na carteira estar escrito “de 8h às 18h”. Meu cargo era de supervisão e me eram cobrados resultados imediatos, não podendo me dar ao luxo de tirar folga ou sair no meu horário normal. Essa vida, esse estresse de sempre resolver tudo com excelência, lidar com uma gestão engessada em processos burocráticos que não facilitavam a vida de ninguém e a expectativa de toda uma equipe de ser eu quem quebraria aquelas barreiras que inibiam a criatividade, o prazer de trabalhar e o resultado na prática, tudo isso, me enlouquecia. Não condizia com a vida que eu planejava ter, com a gravidez que havia planejado. Certo dia, depois ter perdido minha carteira com tudo que havia dentro, ilhada em uma filial no meio do nada que estava visitando, liguei para meu marido e disse que não aguentava mais. Ele disse:
- Peça demissão. Eu cuido de tudo. – E assim ele tem feito desde sempre!
Pedi demissão no dia seguinte. Um alívio e tanto.
Fiquei por conta do Samuel por 1 ano e meio. Nesta época, decidi colocá-lo em uma escolinha para que evoluísse e eu pudesse voltar a fazer o que sempre amei fazer: trabalhar. Grande decepção! Meu filho foi maltratado na escolinha, estragaram todo o processo de tirar as fraldinhas e padeci com isso até quase ele ter 5 anos de idade. Por fim, não aguentei 2 meses no trabalho. Estava, apesar de todos os percalços, para ser promovida, mas não seria justo comigo, com meu filho, nem com a empresa. Eu nunca estaria completa em nenhuma das minhas funções. Preocupada com o Samuel que todos os dias ficava doente, preocupada com o trabalho e comigo mesma, tensa pelas dificuldades.
- Adoro trabalhar aqui. Amo minha função e gostaria muito de ficar e crescer junto com a empresa. Porém, antes de ser profissional ou qualquer outra coisa, sou esposa do Mauricio e mãe do Samuel. Meu principal e mais importante trabalho é ser mãe! – Disse ao meu diretor que entendeu perfeitamente.
Desde então, é isso que tenho feito todos os dias: cuidar dos meus filhos. Samuel já tem outros 2 irmãos para brincar. Apesar de amar ser mãe, não posso me esquecer de quem sou, da vontade que tinha de trabalhar, de vencer desafios e dar bons frutos.
Nasceu o “Uai, mãe!?” meu blog que divido todas as experiências da maternidade com um toque de bom humor. Apesar de feliz por voltar à ativa, conciliar vida profissional com maternidade é punk!!!
Vemos por aí empresas oferecendo esse milagre de trabalhar home office, como se fosse algo simples. Não é! Ter disciplina para ver a casa virada de pernas para o ar e não ir correndo arrumar é complicado. Escrever um texto como os que escrevo com criança chorando, brigando, correndo e fazendo bagunça, é um desafio e tanto. E eu, achando o máximo ficar até tarde no trabalho, hoje escrevo de madrugada, que é quando eles dormem e eu tenho o silêncio necessário para organizar as ideias. Esse texto mesmo está sendo escrito às 2 da madrugada! Isso, depois de escrever mais outros 2 textos durante o dia, mesmo com toda correria, almoço para fazer, marido para me dedicar, crianças para brincar, casa para arrumar, pendências para resolver... Haja Galinha Pintadinha, Palavra Cantada e Netflix para me salvar! Se consigo me dedicar integralmente aos meus filhos? Teoricamente sim, mas na prática, a realidade nua e crua, não! Minha cabeça está pensando, trabalhando, bolando parcerias. Quando escrevo estou em off, o marido tem que vir ao meu socorro e ser bastante compreensivo para entender o caos que se transformou nossa casa. Não está sendo fácil, mas creio que logo dará frutos. Confio em meu potencial. Lembrei-me agora de uma amiga dizendo:
- Uma boa ideia, com dedicação e trabalho duro, não tem como dar errado.
E não tem mesmo! Apesar de difícil a missão, sou dura na queda!
Como viram, já fui profissional solo, já me dediquei integralmente aos meus filhos, já trabalhei fora e fui mãe ao mesmo tempo, e agora, trabalho home office.De tudo isso, só tiro boas lições!
Venho somente para expressar o meu completo e sincero respeito às vocês que ficam em casa cuidado dos filhos, tarefa dificílima. Eu sei que não é fácil para você ter aberto "mãe"...ops, mão de toda uma vida, da falta que sente em às vezes, só as vezes, sair sozinha para pensar, ficar em silêncio consigo mesma. Sei do trabalhão que dá nunca ter folga, 7 dias por semana, todos os dias do ano e às vezes, nem receber o devido reconhecimento. Saiba que eles, os filhos, se lembrarão e valorizarão todo esforço e dedicação. Eles nunca esquecerão!
Gostaria de expressar a minha admiração também às mães que trabalham fora e ficam com o coração na mão de chegar em casa quando os filhos já estão dormindo. A tristeza de perder as festinhas na escola, não poder levar o filho na natação no meio do dia, das férias que gostaria de passar ao lado deles, aproveitando cada abraço e beijo de “bom dia”. Saiba que eles entenderão que tudo foi para dar-lhes o que há de melhor no mundo e não deixar que nada lhes falte!
Às minhas colegas que trabalham home office, eu não sabia o quanto era difícil até experimentar! É quase que uma missão impossível, mas não é. Afinal, são tantas mulheres que venceram sozinhas cuidando dos seus filhotes enquanto trabalhavam. Por que não conseguiríamos? É claro que conseguimos!
Lembrando que todas estamos no mesmo barco. Queremos o melhor para a nossa família, queremos cuidar de todos sem esquecer de quem somos, do que gostamos de fazer, dos desafios que planejamos vencer. Sem esquecer, que antes de sermos mães, somos profissionais, somos mulheres e tínhamos sonhos, o que não pode ser sepultado com a maternidade. Podemos ser o exemplo prático que é possível sim, ser mulher-multitarefas, como dizem por aí.
Ao embarcarmos na maternidade, todas as maiores qualidades que tínhamos foi potencializada, acredite. Quem mais conseguiria resolver conflitos sérios de uma empresa, depois de passar anos separando brigas entre irmãos? Quem mais conseguiria atender ao telefone, checar informações, anotar, assimilar o que acontece ao redor e ainda perceber que precisa retocar o batom? Para quem já cozinhou com uma criança a tira colo, cuidando para que não se machuque, brincou e ainda terminou o almoço que ficou uma delícia, consegue tranquilamente fazer tudo isso!
Só quem tem força e coragem para criar filhos em tempos como os atuais, resultando em crianças encantadoras e de caráter, consegue vencer todo obstáculo que por ventura atravesse o caminho.
Sigamos em frente que está dando certo!!!
Eu acredito no meu potencial. E você? Acredita no seu?
Boa noite!
A escolha da música de hoje merece uma explicação. Pois bem... As músicas do Marcelo Camelo e da Mallu são encantadoras!! E essa, em especial, dá uma paz, uma calma... Como disse um amigo meu, é calma para o ano todo, coisa que estou necessitada ultimamente...
MARCELO CAMELO E MALLU MAGALHÃES
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