Na busca incansável pelo melhor, os enchemos de mimos e de tralhas que não fazem sentido algum. Sim, demoramos um bom tempo para perceber isso, algumas nunca perceberão, mas assim o fazemos. São brinquedos caros que são perdidos, quebrados ou esquecidos no canto do quarto, são roupas caras que são perdidas com a primeira manga que comem e viram roupa "de brincar" por causa da mancha impossível de tirar. São passeios que eles mal se lembrarão ou não darão importância alguma por não entenderem do que se trata. No fim das contas, são inutilidades. Inutilidade de tempo, de espaço, de esforço materno. Nós realmente precisamos aprender a otimizar nosso esforço e tempo. Nos sobra tão pouco. E nos faz tanta falta. Reclamamos tanto da falta de tempo para comer, dormir, cuidar de nós mesmas, mas contabilizamos o tempo perdido nas inutilidades?
E nesse turbilhão de ideias e conceitos nos vemos ainda culpadas pelo que ainda não oferecemos. O filho de fulano já viajou toda Europa com dois anos, a filha de "ciclana" só veste roupas da marca X, os filhos de "Joãozinho da Silva" já fala três línguas e ainda pratica esportes, todos os dias da semana. E para quê serve tudo isso? O amor materno não é medido pelo o que oferecemos em "coisas", mas em tempo e dedicação. Pense no tempo gasto com tantos compromissos na agenda do seu filho e pense no que ele faria com este mesmo tempo brincando de terra na pracinha. Os amigos que faria, o quão próximo você estaria, o quanto se divertiria e se desenvolveria. Pense. Há infinitos que provam o bem que brincar faz às crianças, ainda mais ao ar livre.
O que eu vejo, na verdade, é que estamos criando filhos mimados e frágeis. Não pode se machucar, não pode dizer "não", não pode ser contrariado, não pode assumir responsabilidades, não pode e por muito tempo, talvez não consiga cuidar de si. Filhos que não têm uma vida de criança, mas uma grade curricular de dar inveja à muito adulto. E segue a velha e boa competição de quem tem o filho melhor.
E sabe quem tem os melhores filhos do mundo? Eu! Sim! Os meus são os melhores do mundo não pelo que sabem fazer, pelas conquistas, pelo que são capazes de fazer. Eles são os melhores do mundo por que são meus! E tenho certeza que os melhores do mundo, na sua perspectiva, são os seus. Agora me diz: Se ele não fizesse nada do que você exige que ele faça, se fosse de alguma forma limitado, como na verdade é (toda criança é... ), se não tivesse todas essas estrelinhas douradas pregadas na testa, ainda assim você o amaria pelo que é, pelo sorriso, pela inocência, pela mãozinha gordinha que acaricia o seu rosto quando, no meio da madrugada, foge da própria cama para a sua e deita ao seu lado com medo do escuro. Nós os amaríamos! Não importa as circunstância.
Fonte: Arquivo Pessoal |
A realidade nua e crua é que o simples captura o coração. É nele que está guardado aquele momento único que jamais esqueceremos. Tanto esforço e tempo dedicado no complicado. Somos mães. Não há tempo a ser desperdiçado. Por que insistimos nisso, eu não sei.
Sei de apenas uma coisa: queremos o melhor para nossos filhos. E talvez esse melhor esteja no banho de chuva, na poça de lama, nos amigos da pracinha, no quebra-cabeça que foi um desafio para a tarde de domingo, no bolo que preparam juntos para o lanche da tarde, nas histórias contadas, na cumplicidade, no carinho compartilhado.
Não deixe herdeiros de coisas, de bens. Não crie pessoas que valorizam mais o TER ao SER. Crie humanos que são movidos pelo coração. Deixe sucessores!! Sucessores de suas ideias, de tudo o que você ama. Filhos são a certeza de que seremos eternos, na memória, no amor distribuído, nas histórias que contamos, no que ensinamos de fato e na prática. E você sabe, né? Se ensina com exemplos, se ensina sendo.
Seja!
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